A vida dos motociclistas está ficando difícil
Ultimamente tenho percebido algo que está me deixando preocupado: Estão criando cada vez mais dificuldades para os motociclistas e as motos no geral.
O que percebo é que, de todos os lados, decisões arbitrárias de algumas empresas ou mesmo do governo acabam dificultando a vida dos motociclistas, e parece que é um movimento conjunto, pois vejo em todos os lugares traços de que existe um complô contra as pessoas que usam motos para se deslocar. Vou contar o que vejo.
Há cerca de 1 ano, a prefeitura de Osasco, cidade vizinha a São Paulo, colocou parquímetros nas ruas do centro da cidade e proibiu o estacionamento em algumas ruas. Agora, existem áreas demarcadas para carros, para motos e áreas proibidas. Os parquímetros são uma boa solução para evitar que as pessoas que trabalham nas proximidades deixem seus carros na rua o dia todo, ocupando o espaço que poderia ser ocupado por um consumidor, que ficará pouco tempo, e ainda serve de receita para a prefeitura. O problema em proibir que as motos estacionem nestes locais é que agora, quem vai de moto ao centro da cidade fica com poucas opções para estacionar. Não há cobrança, mas o motociclista precisa andar muito para chegar ao local que deseja, e é muito comum que o espaço para motos mais próximo esteja lotado, pois é muito pequeno. Antes, as motos podiam parar em qualquer lugar, em qualquer espaço entre os carros.
No Shopping Tamboré, em Barueri, a 20 km de São Paulo, existe uma área enorme para estacionamento de carros, e uma área para o estacionamento das motos, que ficava bem próxima a entrada principal do shopping. Ambos sempre foram grátis. De uns 2 anos para cá, o estacionamento tem sofrido muitas modificações. Primeiro, o espaço para as motos foi mudado para uma borda do terreno do shopping, próximo à entrada dos carros, e a distancia desta área até a entrada do shopping ficou enorme, uns 3 minutos de caminhada, depois começaram a cobrar uma taxa de estacionamento para os carros, mas obrigavam aos motociclistas que fizessem a validação do ticket em um dos guichês espalhados pelo shopping (mesmo sem cobrança, o carimbo era obrigatório, mas nada era registrado em nenhum sistema). Agora, mudaram novamente o estacionamento de motos para um local ainda mais longe, com uma área bem menor, e que agora é cobrada. Além disso, se você for com sua esposa, ela vai ter que esperar do lado de fora, pois só pode entrar o piloto.
No Super Shopping Osasco, o estacionamento de motos é grátis, mas a cada dia que passa, fica menor, e é muito comum que fique lotado. Os seguranças orientam aos motociclistas que estacionem nas vagas de carro próximas a área de motos, mas nestas áreas, o estacionamento não se responsabiliza por roubo ou furto, nestas condições, prefiro estacionar numa vaga mais próxima a do shopping, mas os seguranças orientam a não colocar as motos fora daquela área (mas não dizem o motivo, são apenas “normas”). Vez ou outra inventam algumas normas absurdas, do tipo só permitir que uma e apenas uma pessoa esteja dentro da área de motos. Desta forma, forma-se uma fila de gente querendo entrar ou sair da área das motos. E cada uma destas pessoas tem que esperar quem está dentro estacionar, colocar cadeados e correntes, guardar suas roupas, capacetes no bauleto, e sair, para que o próximo possa finalmente entrar e fazer tudo isso.
No Shopping West Plaza, Zona Oeste de São Paulo, o estacionamento era grátis, mas ao entrar, você tinha que informar o nome, RG, CPF, placa da moto, cor, marca e modelo, e até o RENAVAM (sim, sem exagero). Eles te informavam um número e você tinha que decorar, e ao retornar para a moto, você tinha de falar esse número para poder ir embora, ou então teria de informar todos estes dados novamente. Agora, o estacionamento é pago, custa metade do preço dos carros, mas o problema é que de todos os guichês de pagamento que o shopping possui, apenas 1 único está habilitado a receber o pagamento das motos (e este também recebe o pagamento dos carros), portanto, a fila para este guichê é muito maior do que o de todos os outros (que normalmente nem tem fila).
Na rodovia Dutra, que liga São Paulo ao Rio de Janeiro, as motos não pagavam o pedágio (assim como em todas as outras rodovias do estado de São Paulo), mas agora é cobrada e custa metade do valor dos carros. Motos não danificam o asfalto, não ocupam espaço, e usam muito menos os serviços de socorro da rodovia do que os carros. Motos não deveriam pagar pedágio em todo o Brasil, e não apenas em São Paulo, mas agora a Dutra começou a cobrar.
Em 4 anos, o valor do seguro obrigatório para motos quase triplicou, o que certamente é uma afronta direta as motos.
Já são muitas as tentativas de retirar direitos das motos, como o direito de andar na mesma velocidade dos carros, ou o direito de circular nos corredores entre os carros, o direito de levar passageiros na garupa da moto, o direito de personalizar a moto com acessórios ou até mesmo uma pintura diferente. De tempos em tempos aparece alguém propondo algo do tipo. Há quem queira proibir que motos circulem pelas Marginais dos rios Tietê e Pinheiros, em São Paulo, e outras grandes avenidas.
Agora estão colocando novas normas para o uso de baús e capacetes. Os capacetes devem ter adesivos refletivos, e os dos motoboys devem ter adesivos enormes. Os baús devem ter estas faixas refletivas também. Como se estas faixas no capacete fossem a solução para todos os problemas. Os capacetes agora devem ter o selo do INMETRO e devem ser datados de no máximo 3 anos. O Selo descasca, desbota e se perde em poucos meses, pois é feito de material ruim, mas o capacete pode durar muito mais do que os 3 anos, se ele nunca cair. Isso faz com que o motociclista seja obrigado a comprar um novo capacete sempre que o selo for danificado, pois o selo não pode ser vendido separadamente (por razões obvias).
O governo deveria se preocupar em retirar do mercado os capacetes mais baratos, que realmente não servem para nada, eliminar os impostos sobre os capacetes e torna-los mais acessíveis aos motociclistas, e criar normas realmente úteis para o transito.
A imprensa faz reportagens e documentários sobre o uso das motos, sempre mostrando tragédias e problemas, mostrando que as motos são máquinas de matar, e inibindo assim as pessoas de usar as motos para o transporte pessoal.
Algumas empresas têm estacionamento para seus funcionários, mas normalmente, disponibilizam 3 ou 4 vagas para motos (isso quando disponibilizam). Nos cursos de direção defensiva (que são comuns nestas empresas), os instrutores desencorajam seus colaboradores a ir trabalhar de moto, criando um desconforto enorme em quem usa moto para com seus colegas. Se algum colaborador sofre um acidente, mesmo que sem afastamento, a empresa demite o colaborador, pois acredita que é o risco ter ele na equipe. Determinados cargos não podem ser atingidos por pessoas que usam motos.
Estes são apenas alguns sinais que percebo, de que estão conspirando contra as motos. Muitos visitantes do blog deixaram comentários mostrando seu descontentamento com o DPVAT, e dizendo que vão voltar a andar de carro. Estão retirando todas as vantagens da moto, equiparando-as com os carros, por puro preconceito, preguiça ou birra.