Você não pode mais andar de moto!
Circulou muito nos últimos dias nas redes sociais a triste notícia da morte do casal Sibele e Rafael. A imprensa chegou até a falar um pouco sobre, mas não deu a devida atenção ao caso.
Sibele Karla Pedroso e Rafael Jesus Fulaz haviam acabado de comprar uma moto nova, uma Honda CBR1000RR Repsol. Era a realização de um sonho, já que a moto é cara. Porém, no dia seguinte, eles tiveram o azar de encontrar pelo seu caminho dois sujeitos que tem como profissão atrasar e terminar a vida alheia.
A história resumidamente é esta: No dia 29/11/2012, uma quinta-feira por volta das 9 da noite, eles estavam vindo do litoral de São Paulo e indo para Itu, no interior de São Paulo. Enquanto passavam pela capital, na Avenida dos Bandeirantes, eles foram surpreendidos por dois bandidos em outra moto. Rafael decidiu tentar evadir, mas acabou batendo a moto em um carro. Os dois então, já no chão, foram executados a sangue frio pelo assaltante armado. Tudo isso aconteceu em frente as duas filhas de Sibele, de 19 e 6 anos, que de carro acompanhavam o casal na moto.
A imprensa e as autoridades justificam o crime dizendo que a “Avenida dos Bandeirantes é mesmo perigosa, que é um local onde este tipo de crime é comum“.
Isso é um verdadeiro tapa na cara da sociedade. É como se dissessem que a culpa pela morte deles fosse deles próprios. “Também, quem mandou irem pra lá?”. Isso é uma inversão de valores absurda!
Já li por ai todo tipo de comentário, uns dizem “Quem mandou ter moto esportiva! Minha motinha velha ninguém quer“, ou “Sair a noite de moto é suicídio“. E ai? Então a culpa é mesmo do casal? Então o cara que puxou o gatilho só fez o papel social dele, o de matar quem reage, quem foge?
A mídia, a polícia, o governo, todos nos instruem a “não reagir”, e colocam as fotos do tipo “olha só o que acontece com quem reage”. Mas e ai? Temos mesmo que aceitar que levem nossos bens, nossas vidas, nossas famílias, e temos que entender que o bandido só faz o papel dele?
Então a conclusão é simples: Não podemos mais ter de moto bacana. Assim como não podemos mais ter um carro bacana, nem um celular bacana, ou mesmo jantar em um restaurante bacana. Temos que estudar para conseguir um bom emprego, e quando conseguirmos, não podemos usar nosso dinheiro para comprar o que nos faz feliz. Pra quê trabalhar então? Qualquer bem ou atitude que faça o bandido achar que temos algo já é motivo para que ele te assalte. E nada podemos fazer para impedir.
O bandido não tem mais medo. Não há risco em ser bandido. Ele raramente encontra resistência das vítimas, raramente a polícia pega ele, e quando pega, a justiça manda soltar em pouco tempo, e em raros casos onde ele realmente fica preso, no primeiro indulto de natal ele sai e não volta nunca mais. O velho jargão não faz mais sentido, e no Brasil, o crime compensa.
A polícia, mesmo que quisesse, não poderia vigiar todos os lugares. A nossa segurança não é uma prioridade para o governo, então o que esperar dele?
O Geraldo “Tite” Simões, jornalista que todos conhecemos, foi assaltado no mês passado. Levaram sua BMW F650GS na porta de casa e, por pouco, não levaram sua vida também. E semana passada ele postou as “dicas” para evitar assaltos. Nenhuma delas livrou-o de ser assaltado.
Eu já publiquei aqui também dicas parecidas, mas nenhuma delas me livrou de ser furtado dentro da minha própria casa.
Eu gostaria de ter aqui uma dica para dar, alguma técnica que pudesse salvar a vida dos meus leitores para evitar que passem por uma situação dessas. Mas infelizmente não há. Sendo honesto, eu não acredito na política do “não reaja”. Eu sou mais inclinado para a política do “atire de volta”, mas infelizmente o porte de arma ainda está proibido no Brasil. Também não acredito na teoria do andar em grupo. O grupo se dispersa ao primeiro sinal de perigo, afinal, ninguém pode fazer nada.
Sua moto tem seguro? Aproveite enquanto pode. Na seguradora onde eu trabalho, a partir deste mês todo o Norte, Nordeste e Centro-Oeste do Brasil são considerados regiões restritas, e simplesmente não fazem mais seguro de carro lá. De moto, nunca fizeram. Quanto tempo acha que levará para que seja impossível fazer seguro de qualquer bem nas grandes cidades? O que já é caro se tornará impossível.
Eu não vou parar de andar de moto, afinal é o que mais gosto de fazer e não há sentido em viver se não puder fazer as coisas que gosto. Conto com a sorte e espero ter calma para saber como lidar com a situação quando for necessário. Mas hoje, só o que penso é que poderia ter sido eu e a Luana.
Também poderia ter sido você e sua mulher, seu pai e sua mãe, ou qualquer outro casal que anda de moto que você conhece.
E ai? O que você faria?