Comportamento dos motores – Parte 12 – Elétrica e Eletrônica
A parte elétrica da Motocicleta tem grande importância no funcionamento do motor, e nos tempos atuais, a eletrônica também tem grande destaque. Saiba como cada componente funciona a seguir.
Para um motor a combustão com ignição funcionar, é necessário uma quantidade considerável de energia elétrica, pois é ela que aciona as velas de ignição para gerar a faísca que detona o combustível a cada ciclo. Para esta faísca ser gerada, é preciso um pulso de mais de 20 mil volts. Considerando um motor que funciona a até, digamos, 10 mil RPM, e que há uma faísca a cada 2 voltas, então são 5000 faíscas em 60 segundos, ou 83 por segundo.
Para atender a uma demanda tão grande por energia, o motor precisa gerar sua própria eletricidade. Ele deve gerar energia suficiente para manter-se funcionando, e também para alimentar todos os outros sistemas elétricos da Moto, como farois, luzes de sinalização, CDI, Injeção Eletrônica, painel e tantos outros sistemas que você pode instalar, como alarmes, rastreadores, GPS, luzes auxiliares, e etc.
Para gerar sua própria energia, os motores são dotados de um estator, tal qual o “alternador” dos carros. É uma peça circular com algumas bobinas de cobre, que são montadas em um pequeno cilindro feito com dois grande imãs, chamado “magneto”. O eixo do motor é ligado ao magneto, e então quando o motor está funcionando, o magneto está girando, e desta forma, as bobinas geram energia elétrica.
A energia elétrica gerada não é constante e uniforme, pois afinal, quanto maior o RPM do motor, mais energia as bobinas irão gerar. Então, para regular a saída de energia do motor, uma peça se faz necessária: O retificador de voltagem. É um pequeno aparelho eletrônico, montado em uma caixa de alumínio com aletas de refrigeração, e que recebe a energia diretamente do motor, e regula ela de modo a nunca ultrapassar 14.7 Volts. Esta npeça é importante, pois os sistemas da moto são feitos para operar a 12 Volts, então um excesso muito grande pode danificar estes sistemas elétricos.
A saída do retificador de voltagem é ligada diretamente a bateria da moto. A Bateria tem um papel importante, pois ela alimenta os sistemas elétricos da moto enquanto o motor não está funcionando, e enquanto ele está funcionando, ela estabiliza a corrente de todos os sistemas, “absorvendo” o excesso de energia quando há excesso, e fornecendo energia adicional quando a produção de energia é baixa (pouco RPM).
Existem Motos que não tem bateria, como a CRF250R. Esta moto é dotada de injeção eletrônica e em teoria, precisaria de uma bateria para o funcionamento inicial. Mas a moto produz a própria energia e usa um moderno sistema de capacitores para garantir o fornecimento por curtos períodos de tempo quando a produção fica abaixo do normal. Eliminando assim a necessidade de uma bateria. A moto ficou 3 kg mais leve por isso.
Além de toda a parte elétrica da moto, há também muita eletrônica embarcada nas motos. Mesmo as motos de baixo custo possuem muitos recursos eletrônicos. A começar pelo CDI, já usado todos os modelos em produção a pelo menos 10 anos. Ele é o responsável por dar o comando para a bobina de ignição gerar um pulso elétrico para a vela de ignição, ou seja, ele é quem determina “quando” haverá uma faísca. Isso é importantíssimo pois o ponto de ignição é um dos grandes responsáveis pelo desempenho do motor (ou pela quebra dele). Antes do CDI, o comando de ignição era feito pelo platinado, uma peça que fica em contato direto com o eixo do motor. O eixo possui um contato metálico, e o platinado outro. Quando os dois se encostam, a bobina de ignição gera um pulso elétrico e então a vela produz uma faísca. O maior problema deste sistema é que a corrente que era transmitida por estes dois contatos é muito grande, e essas peças logo ficavam desgastadas, exigindo uma regulagem. Depois de um certo tempo de uso, não há mais regulagem e a peça precisa ser substituída. Além disso, o ponto de ignição era sempre constante, independente do RPM do motor. Com o CDI, foi possível programar pontos de ignição em momentos diferentes, dependendo do RPM do motor e de informações do sensor de acelerador (nas motos que possuem este sensor).
Outro componente eletrônico cada vez mais comum nas motos são os paineis. Antigamente, o velocímetro e o tacômetro eram comandados por cabos de aço que giravam dentro de conduítes. Além disso, eles serviam apenas para exibir informações. Hoje é muito comum que o tacometro funcione usando informações do CDI, e o velocímetro, usando informações de um sensor instalado na roda dianteira ou no pinhão do motor. São cada vez mais comuns também velocimetros em formato de display, onde em vez de um ponteiro, há algarismos numéricos para informar a velocidade, o odômetro e outras informações. Ponteiros de nível combustível também estão dando lugar a barras que indicam o status do tanque de combustível. O Painel da Ducati Multistrada 1200 é um grande display que contem todas estas informações e muitas outras. Hoje em dia os paineis também servem para mudar o comportamento dos motores, pois eles possuem botões que dão comandos ao computador central da moto, ativando diferentes mapas de alimentação, ativando ou desativando freios ABS, controle de tração e outros aspectos que interferem no comportamento do motor.
Mais recente é a adoção da Injeção eletrônica para substituir o carburador e o CDI. É um pequeno computador, que comanda a centelha e os bicos injetores de combustível.
E há alguns outros sistemas eletrônicos ainda mais interessantes. Por exemplo, a BMW S1000RR tem ABS, sistema eletrônico que detecta quando uma roda “travou” devido a uma freada e alivia a pressão nos freios, para manter o controle da moto. Tem também controle de tração, outro sistema eletrônico que detecta quando a roda traseira perdeu aderência devido a aceleração muito forte, e corta automaticamente a centelha do motor de modo a limitar a potência entregue a roda, retomando assim a aderência. Sensor de inclinação, que em conjunto com o controle de tração, antecipa a potência necessária para evitar que a roda traseira escorregue, e em conjunto com o ABS, antecipa a potência máxima que pode ser empregada nos freios para evitar que a moto escorregue em uma curva. Toda esta eletrônica embarcada faz com que a moto seja uma das esportivas mais fáceis de pilotar.
É interessante perceber como aspectos a eletrônica afeta tanto o desempenho como o comportamento dos motores.