A eficiência dos radares inteligentes
Eu estava refletindo sobre a eficiência dos novos radares inteligentes da prefeitura, e acabei achando algumas falhas no processo adotado pelo governo no uso desses equipamentos.
O “radar inteligente” nada mais é do que uma câmera posicionada de modo a conseguir ver as placas de todos os veículos que passam pela via onde está instalada. Essa câmera, ligada a um pequeno computador, é capaz de reconhecer as placas dos veículos. E como ela possui algum tipo de conexão de rede (por celular, eu imagino), ela envia todas as placas de todos os carros que passam para uma central de processamento, incluindo a data e hora em que o veículo passou pela câmera, e a velocidade em que estava.
Nesta central de processamento é que as multas são emitidas. Se o veículo estava acima da velocidade limite da via, o sistema gera uma multa. Se o licenciamento do veículo estava atrasado, outra multa é gerada. Se os radares forem da prefeitura de São Paulo então, eles ainda podem emitir multas se inspeção veícular obrigatória estiver atrasada e se o veiculo for um carro e o último número da placa for um dos dois proibidos no rodízio naquele dia e horário. Entre tantas outras multas possíveis.
Porém, o objetivo é apenas um: Arrecadar. Não há interesse nenhum em apreender os veículos irregulares. O radar é autônomo, e não depende da polícia. Então, aquela Belina velha que roda a 10 anos sem licenciamento vai continuar rodando, pois ninguém vai para-la. O radar só vai lavrar mais uma multa, que nunca será paga, e a coisa vai se manter do mesmo jeito.
O pior acontece com os veículos roubados: A promessa é de que os veiculos sejam “capturados” por estes radares, e a policia seria imediatamente acionada para apreender o veículo. Você já ouviu falar de algum veículo recuperado assim? Eu também não. Na prática, isso nunca funcionou.
Agora com essa história do SISU e ENEM, o governo mostra como direciona seus recursos de tecnologia: Para arrecadação, somos lideres mundiais. Nossos sistemas são referência em todo o mundo, vide os radares, o sistema de declaração de imposto de renda, nota fiscal eletrônica e tudo mais. Mas quando se trata de serviços a população, os recursos são escassos e o resultado é sempre ruim, vide SISU do Ministério da Educação, Detran e sua falida CNH via Internet e licenciamento de novos veículos e etc. Isso acontece em todas as jurisdições: Municipal, Estadual e Federal.
Os sistemas de arrecadação funcionam bem: Se não é arrecadando dinheiro, é arrecadando votos. Nosso sistema de votação eletrônica é o mais moderno do mundo, e foi implantado num país de dimensões continentais. Mas é uma pena ele ter sido construido em cima de uma democracia falida como a nossa, onde o povo não tem voz e não tem memória.
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