Yamaha Fazer 250 Blueflex – Teste completo
A Yamaha me enviou uma novíssima Fazer 250 Blue Flex para testar.
Antes de começar a ler o teste, talvez se interesse em ler a política de qualidade e transparência do Motos Blog.
História
Quando fui procurado, a princípio não acreditei que fosse realmente dar certo de efetivamente testar a moto. Não seria a primeira vez que uma agência faria uma proposta para testar um produto e manifestasse a desistência ao longo do processo. Nunca soube ao certo o motivo disso, mas acredito que seja o fato do Motos Blog não ser efetivamente um veículo de imprensa profissional.
Mas desta vez foi diferente, alguém da Yamaha percebeu que o diferencial dos blogs está justamente em não ser tão profissional, e que a isenção do blogueiro é justamente o que atrai os seus leitores. É preciso confiar muito no próprio produto para sair da zona de conforto e aceitar entrar nesta nova mídia, e a Yamaha está de parabéns por isso.
A moto foi entregue de caminhão na minha casa, Zero Km, emplacada e com o tanque quase cheio. Fiquei com ela durante uma semana, e neste período pude testar praticamente em todos os cenários comuns: Trânsito caótico da cidade, deslocamentos mais longos e até duas pequenas viagens.
História da Fazer 250
A primeira versão da Yamaha YS250 Fazer foi lançada em 2005. O lançamento oficial aconteceu em Foz do Iguaçu em um evento fechado apenas para os concessionários. Nem mesmo a imprensa sabia deste evento. A Luana morava lá naquela época e por acaso estava por perto. Acabou capturando algumas fotos da moto (que ninguém sabia da existência até então) e publicou em um popular fórum da Internet, o que causou um grande tumulto na época. Todos estavam querendo saber mais sobre este importante lançamento.
A Fazer 250 foi a primeira motocicleta 100% nacional a aposentar o carburador e adotar a injeção eletrônica como sistema de alimentação. Foi uma grande revolução na época, pois a injeção eletrônica só estava disponível em alguns modelos de motos maiores. Na época, sua única concorrente era a Honda CBX250 Twister, que possuía alimentação por carburador.
A moto continuou sendo produzida até 2008 sem maiores alterações. Em 2009, o sistema de injeção eletrônica ganhou um sensor de gases do escapamento, para adequação a legislação de emissão de poluentes que começou a vigorar no mesmo ano, e em 2011 veio a primeira reestilização da moto, que apesar de ter mantido o mesmo motor e mesmo chassi, ganhou uma roupagem completamente diferente, ganhando um design bem mais atual e bonito.
Este é o design da moto até hoje. A grande novidade agora é que o sistema de alimentação foi atualizado e permite que a moto funcione com Álcool Etanol, Gasolina, ou a mistura dos dois combustíveis em qualquer proporção. Mas vou falar disso mais adiante.
A Fazer 250 é totalmente fabricada no Brasil, na fábrica da Yamaha em Manaus-AM. Suas principais concorrentes são a Dafra Next 250, montada no Brasil e fabricada pela Sym em Taiwan, e a Honda CB 300R.
Sobre a Fazer 250
A Fazer 250 é uma moto criada para a cidade. O seu conjunto é todo pensando para facilidade e conforto para pilotar, e isso fica claro ao considerar a largura do banco do piloto, a posição ereta e o comportamento da suspensão. O motor de 249cc tem aceleração muito linear e bom torque em baixa e média rotação, que é o que mais se usa no trânsito urbano. O acionamento da embreagem é leve e o câmbio é muito, muito preciso, macio e bem escalonado. Não engatei uma marcha errada uma única vez, e não é necessário trocar de marchas com muita frequência, pois o motor consegue ter força em uma ampla faixa de RPM. Para completar, o gigantesco tanque de 19,2 litros garante uma enorme autonomia para a moto.
Não bastasse isso, a moto é muito bonita. Este novo visual é realmente muito moderno e de bom gosto, com cantos pontudos e linhas retas. É um grande salto em relação ao modelo anterior. A lanterna traseira, incolor e com luzes de led também é muito bonita e faz um ótimo conjunto com o farol em formato diamante. Por falar em farol, este é excelente! Com uma lâmpada H4 de 55/60W, ele ilumina muito bem durante a noite.
A moto não é muito grande, o que facilita o seu uso na cidade. Andar com ela no corredor não é difícil, e o guidão consegue virar bastante, permitindo manobrar facilmente em qualquer situação. Ela é ligeiramente mais alta que as suas concorrentes, e as pedaleiras são exatamente no centro em relação ao assento do piloto. A ergonomia é ótima, tanto braços quanto pernas ficam relaxados e a posição do corpo é ereta, aumentando o conforto.
Sob o banco da moto, há um pequeno espaço para guardar objetos diversos. É uma pequena caixinha plástica de uns 25x25x15cm, suficiente para acomodar o kit de ferramentas original, o manual da moto e uma carteira ou outro objeto pequeno.
A moto tem apenas 137 kg muito bem distribuídos, o que facilita muito a pilotagem no dia a dia. As mudanças repentinas de direção e as frenagens são fáceis e seguras. O manete do freio é bem suave e a moto freia bem sem precisar fazer muita força. O freio traseiro é a disco, e é muito bom. Achei que o disco deixaria a moto muito “perigosa”, afinal a traseira dela é leve e freios muito potentes poderiam facilmente travar a roda, mas a Yamaha conseguiu ajustar muito bem a progressividade do pedal de freio, e dá para ter muita sensibilidade nele e frear apenas o necessário. A embreagem também é muito leve e suave.
É uma moto realmente criada para a cidade, todo o conjunto foi projetado para proporcionar facilidade e leveza na pilotagem, apesar disso, a Fazer 250 se sai muito bem na estrada! É fácil manter 120 km/h com ela, e como a posição de pilotagem é confortável, pode-se viajar por horas sem sofrer muito. Mas o mesmo não pode ser dito do assento do garupa, que é mais alto e com as pedaleiras bem altas. O passageiro vai sofrer um pouco em longos trajetos.
A suspensão é um dos pontos fortes da Fazer 250. De curso um pouco maior que o convencional e de uma suavidade difícil de encontrar nas motos street, é extremamente macia e confortável. Apesar disso, não é muito mole, e consegue sustentar as curvas “de alta” sem dar nenhum susto. As bengalas não possuem regulagens de nenhum tipo, e o amortecedor traseiro possui apenas regulagem de pré-carga da mola. É um conjunto muito bem acertado para as nossas ruas esburacadas e asfalto cheio de ondulações.
Os pneus que calçam a moto são os Pirelli Sport Demon, 100/80 R17 na dianteira e 130/70 R17 na traseira, ambos sem câmara. São bem aderentes e não custam muito. Atendem 100% a proposta da moto.
Motor
Como já falei anteriormente, o comportamento do motor é muito suave e progressivo. Ele tem bom torque em baixa e média rotação, que é ótimo para as arrancadas e retomadas comuns no trânsito urbano. Mas posso falar muito mais do que isso.
A Yamaha, em 2005, introduziu o primeiro motor de moto nacional que usa um pistão forjado e um cilindro revestido com partículas de cerâmica. Esse tratamento especial confere resistência acima do normal ao motor, maior dissipação de calor e menos atrito das partes móveis, e isso se traduz em economia de combustível e aumento de durabilidade. A Fazer, desde sempre, é a moto mais econômica da categoria, conseguindo médias de consumo sempre na casa dos 30 km/l.
Mas nesta versão Blueflex, a Yamaha foi mais longe e conseguiu fazer um ajuste incrível na injeção eletrônica. A maioria das pessoas (eu incluso), baseadas na experiência com os carros e com a Titan Mix, achava que a moto Flex seria menos econômica com gasolina do que a moto que não é Flex. Eu confesso que quando calculei a primeira média me surpreendi, pois também achava que a média seria pior, mas foi justamente o contrário: a moto ficou ainda mais econômica.
Como eu não sabia exatamente qual combustível a Yamaha havia enviado com a moto, eu decidi esvaziar o tanque e encher com gasolina. Fiz uma viagem de 150 km com a moto e depois enchi o tanque novamente, e a média ficou em 32,04 km por litro.
Depois disso, esvaziei novamente o tanque, e rodei com a moto até ela apagar por falta de combustível, para ter certeza de que haveria o mínimo possível de gasolina no tanque. Então enchi o tanque apenas com Etanol e fiz outra viagem, dessa vez de 300 km, e a média ficou em 24,59 km por litro.
Essas médias foram em uso “normal”, ou seja, não fiquei me policiando para economizar. Viajei a 120 km/h o tempo todo, sem me preocupar em economizar para aumentar a média e “fazer bonito” para o teste, afinal, não é isso que temos no dia a dia. E essas médias me surpreenderam muito, achei a moto muito econômica.
Fazendo as contas, o fator de decisão de álcool/gasolina dela é de 0,77, ou seja, se a diferença de preço entre o etanol e a gasolina for superior a 0,77, compensa abastecer com gasolina, do contrário, compensa o etanol. No posto onde abasteci, o litro de gasolina custa R$ 2,599, e do Etanol custa R$ 1,699, portanto, fator de decisão de 0,65, neste caso, rodar com Etanol compensa. O custo de cada km rodado com gasolina é de R$ 0,081 e com etanol é de R$ 0,069. Rodar com Etanol representou uma economia de 17%! E ai, vale ou não a pena poder escolher o combustível? :-)
Com relação ao desempenho, eu sinceramente não senti uma diferença grande entre os dois combustíveis, eu ACHO (baseado em nada) que com o Etanol ela ficou um pouco mais esperta, mas eu sinceramente não posso afirmar isso. Infelizmente não consegui fazer um teste em um dinamômetro, mas o que posso dizer é que, se há alguma diferença, ela é pequena.
A partida a frio é uma grande dúvida das pessoas com relação a tecnologia Blueflex. Mas a experiência que tive foi muito satisfatória. O teste que fiz foi tentar ligar a moto bem cedo (5:30 da manhã – muito frio!). Para isso, bastou virar a chave e apertar o Start. Simples assim! Eu tive que segurar o start por um tempo um pouco maior, mas nada muito diferente do normal. A única diferença é que a luz “Blueflex” no painel se acende, e se apaga sozinha depois que o motor chegou na temperatura mínima de funcionamento, o que leva mais ou menos 1 minuto. Veja um vídeo da partida a frio:
Com gasolina, a luz Blueflex não se acende e não é preciso esperar nada. Enquanto a luz está acesa, se uma marcha for engatada, a moto se desliga automaticamente.
O câmbio da moto tem 5 marchas, e é muito bem escalonado. A 4ª marcha é a que tem a maior faixa de uso, variando de 50 a 100 km/h sem forçar o motor. A quinta marcha funciona mais como um Overdrive, permitindo viajar com mais velocidade mantendo o giro do motor mais baixo.
A velocidade máxima que consegui atingir com ela foi 140 km/h de painel, em terreno plano e sem vento. Como eu sou grande e tenho 103 kg, e a moto ainda é nova, imagino que ela conseguiria atingir velocidade um pouco maior em situações mais favoráveis. Mas justamente pelo fato do motor ser novo eu não quis fazer muitas tentativas.
Falando em painel, o da Fazer é completo, com relógio, marcador de combustível, hodômetro total e dois hodômetros parciais, e um terceiro hodômetro parcial, que se inicia automaticamente quando o tanque atinge o nível da reserva. O conta-giros analógico é grande, assim como o velocímetro digital, que tem ótima taxa de atualização. Todos são fáceis de enxergar. No escuro, com o painel iluminado, é possível ver que o fundo do LCD tem uma luz âmbar, que não incomoda e não atrapalha a pilotagem, e o conta-giros possui um ponteiro com iluminação vermelha e dígitos brancos. O design do painel é muito legal, moderno, limpo e preciso. Eu só não gostei de o relógio ficar em uma página dedicada. Para ver o relógio, é preciso pressionar o botão SELECT para ir trocando os instrumentos até que o relógio seja exibido. Seria mais legal se o relógio fica-se disponível o tempo todo, em todas as telas do painel. Mas isso é só um detalhe.
Os retrovisores originais são bons, não vibram nada, tem bom ângulo de visão e fazem um bom conjunto com o design geral da moto.
Detalhes e acabamento
A Yamaha é reconhecida pelo acabamento primoroso de suas motos, e com a Fazer 250 não é diferente. As carenagens da moto, como as asas do tanque, tampas laterais e carenagem traseira são muito bem acabadas, todos os encaixes são perfeitos, e a união entre as peças é sempre feita com parafusos em porcas de borracha para evitar barulho. As próprias peças são feitas de plástico mais flexível, e que por isso são mais resistentes para encarar ruas esburacadas sem fazer barulho ou quebrar. Os piscas também possuem hastes mais flexíveis pelo mesmo motivo.
O guidão tem pintura cinza brilhante, e é envernizado, muito bonito na luz do sol. Na maioria das motos o guidão é cromado ou possui pintura eletroestática preta, que são acabamentos mais simples de executar, e de tão comum que se tornaram, já não são mais tão bonitos. O para-lama traseiro é outro destaque: Fino e com desenho esportivo, é complementado por uma capa de roda com protetor de corrente integrado.
O tanque de combustível possui uma borracha em “U” que protege suas quinas internas, evitando que se oxidem por ação do tempo. E nesta versão Blueflex, ele também tem um tratamento interno em níquel, para justamente evitar a oxidação pelo etanol. Há também uma tampinha interna no bocal do tanque, que possui uma mola para mantê-la fechada e evitar vazamentos ou acidentes. As pedaleiras do passageiro (garupa) são em alumínio, muito parecidas com as encontradas nas motos esportivas. São detalhes, mas é neles que vemos a diferença no cuidado com o acabamento geral da moto.
O quadro elástico (balança) da Fazer 250 tem protetores de borracha por onde passa próximo a corrente para evitar ruído.
O que pode melhorar
A Fazer 250 é uma moto que, na minha opinião, não tem defeitos que fariam alguém desistir de compra-la. Ela é bem acertada para a sua proposta e acho que não há dúvida nisso.
Acho apenas que o painel deveria ter um relógio persistente, para que seja possível ver a hora sem ter que apertar botões, e acho que poderiam dar um jeito no sensor do cavalete lateral para que ele não fique tão exposto. É um pequeno detalhe de acabamento que acho que ficou sem muita atenção, mas que também não chega a comprometer a moto como um todo.
A posição de quem vai na garupa é um pouco desconfortável, mas só será sentida em longas viagens. Para trajetos curtos, não faz diferença. E eu acho que não há muito o que se possa fazer para resolver isso sem afetar o design da moto.
Conclusão
A Fazer 250 Blueflex é uma moto muito bem acertada para a proposta dela, que é ser uma moto urbana confortável e confiável para uso diário. O novo sistema Blueflex é surpreendente, funciona muito bem, e todo o conjunto foi preparado para rodar com Etanol sem nenhum problema. Na minha opinião, poder escolher qual combustível usar é sempre vantajoso, ainda que os preços dos combustíveis não sejam tão diferentes, a possibilidade de escolher já é uma enorme vantagem, e acho que compensa pagar a diferença de preço em relação ao modelo que roda apenas com gasolina.
Rodei mais de 700 km com a moto em uma semana, fiz duas viagens e usei para ir e voltar do trabalho. A moto se adapta muito bem a este estilo de vida frenético e não requer maiores cuidados do que os normais. Fiquei triste quando tive que devolver. Hoje torço para que a Yamaha lance a Ténéré 250 com o sistema Blueflex… Se acontecer, serei o primeiro da fila para comprar!
Ficha técnica
Motor | |
Tipo | 4 tempos, monocilindro, 2 válvulas, OHC, refrigeração a ar com radiador de óleo. |
Cilindrada | 250cc |
Diâmetro x Curso | 74x58mm |
Taxa de compressão | 9.8:1 |
Potência máxima | 21cv @ 8.000 RPM |
Torque máximo | 2,1 kgf.m @ 6.500 RPM |
Marcha Lenta | 1.400 RPM +/- 100 |
Capacidade de óleo | 1,5 litros |
Combustível | |
Alimentação | Injeção Eletrônica Blueflex |
Tanque de combustível | 19,2 litros (sendo 4,5 reserva) |
Eletrônica | |
Ignição | CDI/ECU |
Partida | Elétrica |
Bateria | 12V 6AH selada |
Farois | 12 V 55/60W H4 |
Transmissão | |
Embreagem | Multidisco banhada a óleo |
Câmbio | Manual sequencial de 5 velocidades |
Redução final | 45/15 |
Transmissão final | Corrente |
Quadro | |
Tipo | Berço duplo em aço |
Dimensões | |
Comprimento | 2.065 mm |
Largura | 745 mm |
Altura | 1.065 mm |
Distância mínima do solo | 190 mm |
Distância entre eixos | 1.360 mm |
Caster | 25º 30′ |
Raio de curva | 2,4 m |
Altura do assento | 805 mm |
Peso seco | 137 kg |
Peso em ordem de marcha | 153 kg |
Suspensão | |
Dianteira | Garfo telescópico. Curso de 120 mm |
Traseira | Monoamortecida. Curso de 120mm |
Roda dianteira | De liga leve, 17 polegadas |
Roda traseira | De liga leve, 17 polegadas |
Pneu dianteiro | 100/80 17 M/C 52S sem câmara |
Pneu traseiro | 130/70 17 M/C 62S sem câmara |
Freio dianteiro | Disco ventilado de 282 mm mordido por pinça de 2 pistões. |
Freio traseiro | Disco ventilado de 220 mm mordido por pinça de 1 pistão. |
Cores (2013) | Preta ou Prata |
Preço Sugerido | R$ 11.690,00 |
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