Comunicador Cardo Scala Rider Q2 PRO – Teste completo
Se você ainda não leu o teste do Scala Rider Q2, é bom ler, pois muitas das características do aparelho são bem parecidas e eu não vou aborda-las em profundidade neste artigo, focando apenas nas mudanças do Q2 PRO.
O meu Scala Rider Q2 funcionou bem por 2 anos, mas de uma hora para outra passou a não mais segurar a carga da bateria. Procurei na Internet por alguma solução, mas nenhuma delas era oficial. A Cardo simplesmente não oferece assistência técnica de nenhum tipo, apenas a troca completa do aparelho, e apenas no período de garantia. A solução não-oficial que encontrei foi tentar substituir a bateria por conta própria, procedimento não muito complicado (mais difícil é achar uma bateria substituta). Vi relatos de sucesso e fracasso com a operação. No meu caso, não deu certo, então parti em busca de um aparelho novo.
O Scala Rider Q2 PRO é um aparelho que permite a comunicação entre piloto e passageiro, ou piloto-piloto, tal qual o Q2, porém, ele é uma atualização, e se propõe a trazer algumas melhorias em relação ao Q2 original. São elas:
- Som estéreo – Permite ouvir músicas do celular por Bluetooth A2DP (o Q2 original é mono e só alguns celulares suportam música no perfil mono do Bluetooth)
- Permite sintonizar rádio FM com RDS (sintonia automática digital)
De resto, ele é exatamente igual ao Q2 original, pelo menos nas especificações.
A primeira diferença que notei foi que, apesar de o encaixe no capacete ser exatamente igual, o Q2 PRO não funciona na base do Q2. Acho que isso é porque ele agora é estéreo, e a pinagem deve ter mudado (apesar de ainda ter apenas 4 conectores). Isso me obrigou a desmontar as bases que nós já tinhamos nos capacetes e instalar as novas.
Outra coisa que notei: Ele é bem mais lento para ligar, desligar e interpretar os comandos nos botões. Por outro lado, ele é “encontra” o outro capacete com mais rapidez, e ele já abre o canal de comunicação automaticamente, sem ter que apertar nenhum botão ou falar ao microfone, o que é ótimo.
Outra funcionalidade que ele tem, e eu acho ótima, é permitir desligar o VOX, que é aquele bipe que ele faz sempre que o aparelho não está em uso e você fala algo no microfone. Ele serve para abrir o canal com o outro capacete, ou para atender ao celular. Eu achava isso incômodo pois quando eu estava sozinho e queria falar com alguém na rua (um motorista de carro, ou outro motoqueiro, por exemplo), o capacete ficava “bipando” na minha orelha enquanto eu falava, o que tira a concentração e é chato demais. Desabilitando o VOX, o capacete passa a não mais fazer esse BIP e não tenta mais encontrar o outro capacete. Desta forma, o canal com o outro capacete só pode ser aberto apertando o botão MC.
Isso resolve outro problema chato do Q2, que é o tempo de conversa do VOX. Abrir a comunicação pelo VOX faz a conversa com o outro capacete se desliga automaticamente após 30 segundos de silêncio, e se por ventura você falar de novo, outro BIP vai surgir e uns 2 segundos depois, o canal de comunicação é reaberto… Isso é um SACO, pois as vezes eu quero falar só um “Ok”, e com a conversa neste modo, fica impossível. Eu sempre evitei usar o VOX e deixava o canal aberto o tempo todo (usando o botão MC). A bateria dura menos, mas pelo menos eu posso falar como se estivesse ao lado da outra pessoa o tempo todo.
Mas nem tudo é uma evolução no Scala Rider Q2 PRO, e agora vou falar dos problemas dele.
O principal deles, e o que está me incomodando muito, é uma nova função de “cut-off” que foi incluída no processamento de áudio dele. Antes, se o canal entre os 2 capacetes estava aberto, mas ninguém estava falando nada, era possível ouvir aquele “ruído branco”… É um silêncio, mas dá para saber que o canal está aberto pois dá para ouvir, por exemplo, a respiração da outra pessoa. É um ruído sutil e não incomoda.
Agora, o novo processamento de áudio elimina este ruído, deixando o aparelho completamente silencioso quando ninguém está falando nada. De fato, o som fica melhor, pois ele filtra mais o barulho do vento, mas esse filtro é lento e ele não consegue interromper o silêncio rapidamente. Mesmo com o canal aberto o tempo todo, se eu ficar em silêncio por um tempo, e então falar um “Ok”, o outro capacete não vai ouvir, pois o processamento de áudio é lento e demora para detectar que o silêncio acabou e que é hora de falar.
O resultado disso é que ele simplesmente “come” o inicio de qualquer frase que nós dizemos. Se eu falar “Não acelera”, a outra pessoa só vai ouvir “Acelera”. Se eu falar “Não entendi”, a outra pessoa vai ouvir “Entendi”, ou pior, se eu falar rápido, ela ouve apenas “Di”, tornando a frase completamente incompreensível. Esse “delay” de meio segundo é suficiente para mudar completamente o sentido do que estamos falando.
Outro problema é com o ajuste automático de volume. Quando a velocidade da moto aumenta, o aparelho, baseado no barulho do vento, também aumenta o volume do som. Só que ele faz isso de forma muito acentuada, e chega a incomodar de tão alto que o som fica. O resultado disso é que temos que ficar o tempo todo ajustando o volume. No Q2, o ajuste era tão suave que mal conseguíamos perceber.
Contactando o suporte da Cardo, a primeira resposta deles é “Você deve estar com o microfone fora do lugar”, o que obviamente não é verdade. E ao insistir, a resposta é simples: “Leve o aparelho a loja que comprou para substituição em garantia”. Ou seja, não resolvem o problema. Voltei na loja e pedi para testar um outro par do estoque, e o mesmo problema ocorre. A conclusão que cheguei é que o aparelho não está com defeito… é um problema de projeto mesmo, e não há o que fazer para resolver.
Há também um problema novo com relação a atender chamadas no celular. Se eu estiver conversando com o outro capacete, e o celular tocar, o Scala Rider não interrompe a conversa para atender o celular. Ele vai ficar tocando no bolso indefinidamente, como se não houvesse fone pareado.
Confesso que fiquei bem chateado. A versão antiga nos atendeu plenamente por 2 anos, e apesar de uma ou outra característica indesejável, o principal, que é FALAR, ele fazia bem. Esse modelo novo, o Q2 PRO, apareceu com novas funções bacanas, mas a função principal dele foi deixada de lado.
O duro é que agora perdi a confiança na marca. Pensei até em comprar um G4 ou G9, que são modelos superiores (o que não significa nada neste caso), mas esses aparelhos são caros, não posso ficar comprando para “testar” e ver se vai me atender. E infelizmente não conheço outra marca de comunicador que tenha fama de boa qualidade.
Então fica a dica: Se for comprar um comunicador, procure indicações exatas dos modelos, e não olhe apenas para a marca. O Scala Rider Q2 era excelente, mas saiu de linha. O Q2 PRO tem esses problemas, e os mais avançados G4 e G9 eu ainda não sei.
Você tem algum comunicador? Qual é? Ele tem algum defeito ou característica que mereça ser citada? Deixe um comentário!